Momentos
de crise são terreno fértil para a profusão da mais diversa gama
de teóricos, profetas e teses. Alguns apocalípticos, outros
messiânicos, tendo em comum a certeza de carregarem o bastião da
verdade e serem a última palavra de salvação.
O nosso
time não foge a regra. Em momentos de turbulência as teses, sempre
tão profícuas, pululam de mentes cabotinas.
Tais
considerações me levam à questão. Existe algo de novo nas
proposições ou somente um renitente movimento pendular que insiste
em pintar com novas cores o carcomido sistema vigente?
Temos
por natureza a teimosia, ampliada pelo sentimento bairrista e
arraigada pelos conceitos de hombridade que por vezes, mais do que
virtudes, se rendem ao excesso e sucumbem aos vetustos conceitos.
Dos
primeiros exemplos que me recordo remonta à época da Lei Pelé que,
em substituição à Lei Zico, inovou artificiosamente o ordenamento
jurídico. Algum clubes aproveitaram-se da novidade, alguns clubes
perceberam o cisma (que à época era alardeado como o fim dos times
brasileiros) e transformaram a crise em oportunidade, outros,
atrelados à ideias de futebol retrogradas, bom, preferiram não
vender craques...
Mas a
lição parece não ter sido apreendida pelas plagas gaúchas.
Zé
Roberto, mais do que jogador, homem do futebol, como que num
prenúncio, talvez por ter a oportunidade de vivenciar realidades
diversas, vaticinou, o antigo camisa 10 não existe mais, ele, por
exigência do esporte, mudou, transformou-se, recuou e deixou de ser
meia, virou volante. E mais, exemplificou, Iniesta, à época, o
homem pensante do time mais badalado do momento.
O
escárnio foi instantâneo e a tese “miseravelmente” pulverizada
por nosso censo futebolístico superior.
Mas a
história gosta de pregar suas peças e em tempos onde o futebol
alemão dá as cartas qual é a referência do time germânico
(Borussia)? Um homem pensante do meio, Lewandowski, um volante que
recebe a bola de costas para a zaga e, a partir deste ponto,
distribui o jogo. Quem assistiu ao confronto contra o Real sabe do
que estou falando.
Mas
alguns de nós, tão brasileiros e tão gaúchos não temos o que
aprender, somos versados demais em futebol, garra, mística e, por
que não dizer, em foda de mosquito...
E agora,
não diferente de sempre, a palavra que toma de assalto as manchetes
e se transforma no mantra da época é, REFUNDAÇÃO.
Nada
mais adequado à situação, afinal, palavra tão fluida abarca nos
seus mais diversos conceito toda sorte de quereres.
Por onde
passa uma refundação?
Não
tardaram a erigir-se, em suas sempre indefectíveis certezas, aqueles
que apontam os rumos a serem seguidos e as proposições são das
mais diversas.
Refundação
como Renovação: A proposta é a mais pura e simples terra arrasada.
Demite-se técnico, comissão técnica, departamento de futebol,
metade do elenco e, se possível, conselho e presidente. Pois bem,
recolhendo as manchetes sobre o tricolor desde 2004, a cada entrada
de ano, a cada eliminação de competição, a cada semestre qual é
a tônica, a expressão que permeia todas as notícias? Reformulação.
Dispensa-se em rodo, contrata-se em dúzia. Demite-se técnico,
comissão e administra-se a dívida, afinal, o Grêmio é grande...
Resultado?
Um condomínio de credores, clube na penúria e nós, incautos,
crendo que uma verba privilegiada como a trabalhista (sujeita até a
penhora de renda) poderá ser paga da forma que melhor nos aprouver.
E
refundamos o clube repetindo a estratégia que a doze anos nos dá os
mesmos resultados, ignorando o ensinamento de que absurdo é esperar
resultados diferentes fazendo a mesma coisa.
Outros
creem que a refundação passa pela adoção de fórmulas herméticas
como garantia do sucesso. Um percentual de jogadores da base, aliados
a alguns jogadores fora de série e um treinador gaúcho, pronto,
certeza da vitória.
Ignora-se
que a base gremista tem sido depredada ano após ano, que um trabalho
sério só renderá frutos a longo prazo e que a promoção de forma
açodada de garotos, muito longe de resolver os problemas, serão a
justa causa da manutenção deste estado de coisas.
Não
falta também aqueles que reclamem a recuperação do estilo gaúcho
de jogo, com raça, com gana e “sangue nos olhos”. Algo mágico,
que permeia o imaginário gremista e nos leva a crer que 11 Sandros
Goianos em campo serão capazes de nos levar a vitória.
Pena a
realidade não ser tão condescendente, pena um clube não viver só
de mística e pena derrotas de “cabeça erguida” não povoarem a
sala de troféus.
O Grêmio
não precisa de estilo, o Grêmio precisa de vitórias.
E agora,
menos de um semestre após a assunção do maior presidente que o
clube já teve, há quem lance sua biografia na lama e desconsidere
tudo que já foi feito. Estes, quando bradavam pelo Velho, não
queriam o Koff, queriam uma legenda, uma panaceia, um ser que povoa
os sonhos gremistas, que seria alçado ao cargo de mandatário maior
e, como num passe de mágica, nos faria ganhar absolutamente tudo por
sua simples presença.
Isto não
é o Koff que apoiei.
O Koff
dos meus desejos é aquele que não refunda o Grêmio repetindo o que
fazemos a doze longos anos, o Koff em quem depositei minhas
esperanças sabe o conceito de administração gerencial, tem
consciência de projeto e resultado.
O
presidente que aguardei tem noção de que a recuperação do
sentimento gremista passa exclusivamente por vencer, erguer taças,
conquistas títulos e isto, não se faz somente dentro de campo, se
faz PRINCIPALMENTE no campo político, na arte do possível,
contratando gestores de reconhecido trabalho na base, na preparação
física, viabilizando o clube em termos financeiros e constituindo um
ambiente favorável, insumando uma terra que depois produzirá fruto.
Pela
primeira vez em muito tempo tenho mansidão e tranquilidade no que se
refere ao Grêmio e, enquanto alguns seguem profetizando o fim, eu –
ao largo de buscar séquito – sigo com aquela que não costuma
falhar, sigo com fé, com fé no que é programático e não no que é
mágico.
Grande PJ, Bruxo, Guilherme Cé, entre outros;
ResponderExcluirVcs sabem minha opinião pela demissão, movida principalmente por mais uma eliminação.
Tenho essa mesma sensação de mansidão, os estragos causados pela transição da Arena-Olímpico, na minha modesta opinião, refletiram-se no campo. Koff, Acor, Nestor viveram e respiraram a reformulação do contrato, que pelas últimas notícias, terminará bem!
Com isso o futebol ficou de lado, para o nosso desespero, porém por uma boa e salvadora causa. Agora esse isolamento Luxa, Costa e Chitolina cessará, e com a experiência do nosso maior dirigente (que eu estava decepcionado) assessorado pelo Acord e o Nestor Hein entrará nos eixos.
Eu tenho Fé, essa nunca perdi! Pensamento limpo e positivo para o campeonato que se inicia nesse domingo.
Alberto, seja bem-vindo!
ExcluirEu escrevi lá no blog do MM quando o Luxa foi contratado que ele era minha "penúltima" opção. Pessoalmente não gosto do estilo pavão dele, mas também sei que os problemas atuais não se resumem apenas a ele. Ele está há 14 meses no Imortal e estamos há 11 anos sem vencer nada relevante, então ...
Amigo Alberto! Que bom te ver por aqui.
ExcluirPensando pelo teu lado, eu não sou contra a mudança, sou contra os termos que se colocam. Por exemplo, se alguém te disser hoje se você aceitar trocar o Barcos, de ímpeto a resposta seria um sonoro NÃO! Agora, e se a trocar for pelo CR7?
O que tento dizer é que só mudar não muda nada, como humanos temos uma crença absurda na esperança, acabos sempre nos iludindo de que uma mudança necessariamente representará uma melhor e quando isso se aplicou ao Grêmio?
Já vi gente dizendo que não importa quem venha, o importante é tirar o Luxemburgo. Percebe o absurdo? Além de todo desmanche, dívida e etc. podemos mudar o que tá ruim para pior!
Minha opinião sobre o técnico continua a mesma desde o ano passado, deixa até o final do ano, conquista o BR ou classifica pra Libertas. No final do ano, encosta nele, agradece e diz que vai liberá-lo "graciosamente" e sem a necessidade de multa para seguir o seu sonho e ser presidente do Palmeiras.
Contrata um treinador com calma, aproveita uma base montada (porque agora é o Koff e não Pelaipe e Odone) e parte pra conquista!
* presidente do mengu.
ExcluirPJ,
ResponderExcluirNo fundo o que eu nunca entendi, limitado que sou, é se há fórmula mágica, por que todos os clubes não a seguem?
Ou se é tão fácil ser treinador, por que há anos não surgem novos nomes no mercado?
Somente falta de oportunidade não justifica isto, afinal há um torneio de futebol em cada esquina.. Se o cara tiver talento vai vingar na várzea e, com o auxílio de um empresário (o que será fácil, já que um talento destes é sinônimo de $$$) chegará facilmente ao topo. Daí é R$ 500 mil/mês pra cima...
Até lá para mim serão só "mágicos" do lado de fora, onde tudo é fácil, simples...
-x-x-x
A nossa visão de Grêmio é parecida e acho que tua frase resume bem: "O Grêmio não precisa de estilo, o Grêmio precisa de vitórias." Somente com elas um time será, para sempre, nosso reflexo...
Enquanto isto vemos muitos pedindo um time brigador, com a tal cara do Grêmio, e, em paralelo, questionando jogadores limitados, mas inquestionavelmente brigadores (Pará, Werley...). Difícil de entender.
Enfim, acho que o Koff, com a experiência que tem, tomou a decisão racional, no momento. Se vai dar certo ali na frente, só o tempo dirá. Tentar fazer uma opinião presente virar uma verdade agora é outra "mágica"...
Pois é Guilherme, até pensei em escrever sobre esse assunto que o Bruxo já tocou. A maioria inventa teses e sustenta teses em cima de teses (e não de fatos) para justificar as opiniões mais absurdas. Exemplos? O Luxemburgo é um péssimo treinador, só ganhou o que ganhou porque tinha dinheiro investido, com a ajuda da arbitragem, ou com o auxílio do imponderável. Percebe o absurdo? Partimos da premissa de que o cara nasceu rico e com o fiofó virado pra lua e porque? Pra justificar nossas frustrações pessoais de ver alguém tão "desqualificado" figurar entre os principais nomes do futebol enquanto nós, que sabemos muito sobre o esporte, somos solenemente ignorados.
Excluir-x-x-x
Esse negócio de brigador é uma sacanagem tremenda que vão enfiando na torcida gremista e no povo gaucho. É como aquele "amigo" que fala pra você ir peitar a briga dele porque você é o mais forte, é o valente! É duro, mas perder de cabeça erguida não muda nada, só serve pra DVD e o Grêmio não precisa de mais este título.
Paulo Juliano!
ResponderExcluirConcordo plenamente. Para ficar num único tópico da série deles que você com clareza pontificou:
- Sempre disse que Grêmio e Inter são irmãos siameses, possuem as mesmas virtudes e mesmos defeitos. O melhor time dos últimos 50 anos do Coirmão foi formado por treinadores "estrangeiros", Dino Sani e aperfeiçoado por Rubens Minelli.O carioca Antônio Lopes deu a única Copa do Brasil, Muricy formou o Inter que Abel aperfeiçoou e um uruguaio deu de bandeja a Roth o bi da LA. Acho que o fato de Espinosa, Enio, Luiz Felipe e Tite serem gaúchos não perpetua a tese que tem que ser um gaúcho para se ter um estilo vencedor. Penso que os maiores e decisivos erros desses 11 anos sem título estão fora das 4 linhas e distantes (em sua maioria) das comissões técnicas. Os erros colossais são produzidos pelas "cabeças pensantes", pelo poder decisório dos grandes mandatários do clube. Aí entra nossa esperança; pois temos um presidente vencedor e calejado. Preocupa-me apenas a sua saúde e o "entorno" dele. Grande texto PJ. Dá uma semana de reflexão, se quisermos. bruxo.
É que as vezes é mais fácil lidar com nossos devaneio do que com a realidade bruxo. A mítica faz parte, mas quando substitui, nas nossas mentes, o fator real, daí é deveras perigoso.
ExcluirBruxo / PJ
ResponderExcluirDeem uma olhada no "horário" do blog... Acho que está em outro "fuso"...
To tentando mecher mas acho que o bruxo não me deu acesso às configurações.
ExcluirTá na hora de aceitar o convite em Guilherme, tá faltando um texto teu (uma paixão nova não exclui as antigas, rs).
Cris no banco... Espero que fique lá até domingo. E que o Bressan aproveite a chance pra não dar motivos para a volta.
ResponderExcluirSão pequenos (grandes...) ajustes necessários para uma boa campanha. Acho que ainda falta acharmos um meia para jogar ao lado do Zé (ou do Elano), principalmente nos jogos em casa, contra times fechados.
Espero que esta semana tenha servido para reflexão de todos, dos jogadores à direção, passando principalmente pelo Luxemburgo. Vamos torcedor por outro Grêmio domingo!
Pois é Guilherme, o Luxa é teimoso, fanfarrão, safado, mas, quando se trata de futebol, tá longe de ser burro...
ExcluirEsse meia que falta acho que todos concordam, até a direção, mostra maior foi a busca pelo uruguaio.
Bruxo, tem o andré e o marcos que postam no blog do Guto e tem uma visão interessante sobre o assunto, to tentando arranjar um jeito de convidá-los, pensa comigo.
ResponderExcluirTo tentando procurar também o Luiz-Tricolor dos tempos de M.M. é outro que sempre contribuiu nas discussões.
Beleza, PJ!
ResponderExcluirSem problemas. A pluralidade de ideias é o que desejamos. Te mandei um e:mail. Sobre o relógio vou procurar acertar esta noite.
Pessoal,
ResponderExcluirSugiro uma postagem sobre o elenco do grêmio, o que podemos esperar para o campeonato brasileiro.
Perfeito. Sugeriria uma comparação entre o elenco atual e o do ano passado, jogador a jogador (ao menos time titular e primeiros reservas).
ExcluirBeleza, Alberto!
ResponderExcluirAcho que está na pauta do PJ e minha, com certeza.