Boa Sorte, Brasil
A Copa do Mundo está aí, por isso, o título da crônica pode enganar
muita gente, afinal, em edições anteriores o país se cobria de verde e amarelo,
havia sempre algo no ar, lembrando o
escrete Canarinho; a massa abraçava a Seleção, surgia a pátria de chuteiras.
Não é o caso.
Esse título é só uma indução do
autor, um pequeno golpe. Na verdade, o Brasil a que me refiro é a Nação, nossa
mãe, que abriga um povo cansado de espoliação, de engodo, de enrolação. Qualquer
um que esteja “(des)Governo”, pega o conteúdo oferecido aos cidadãos durante
anos, dá uma “repaginada” e põe na prateleira para que o brasileiro engula mais
do mesmo. Usa os mesmos ingredientes, não dispensa os vários atores com presença vitalícia na
política brasileira, figurinhas carimbadas, experts na arte da dissimulação;
pronto! Está feito o estrago. De novo, o golpe. Grandes empresários e políticos
de carreira se locupletaram com o evento
Copa do Mundo com recursos vindos dos cofres públicos, aumentando o já profundo
abismo socioeconômico brasileiro, gerador, entre outras consequências, da
violência, falta de segurança, saúde precária, educação deficiente, más
condições de habitação e inexistência de lazer e cultura, além de determinar
que os avanços científicos e tecnológicos sejam considerados curiosidades num
país cambaleante.
Em plena era capitalista, além dos próprios problemas desse modo de
produção, outras práticas primitivas são agregadas, atrasando mais o país;
recupera-se lá do império romano o seu eficiente pão e circo e mais, importa-se
do Medievo, a práxis da base da pirâmide social, onde servos seguravam a onda
para os parasitas, clero e senhores feudais; como se não bastasse isso,
os convencem de que essa é a sua missão na Terra. Deveriam agradecer pela
“benção de sofrer”, único meio da redenção de suas vidas predestinadas ao
suplício. Não é difícil visualizar isso no Brasil do Século XXI, apenas com
outras denominações para velhas receitas.
Ano passado, Copa das Confederações, o país viu estarrecido que havia
um limite para a paciência da sociedade. Abaixo de pressão e indignação, como
num passe de mágica, em pequenos e ágeis passos, sem muitas delongas, houve
avanços sociais importantes, que andavam emperrados em Brasília, especialmente.
Passaram-se alguns meses e a perversa casta que conduz o destino da Nação,
imaginou que não passava duma marolinha transitória, portanto, acreditou que era hora de retomar a velha toada. Grande engano.
Diante disso, da lição não aprendida, surgem novos sinais de que a
antiga estrutura poderá ser abalada; eles são dados diariamente e o futebol,
antes conhecido como ópio do povo, deverá ser o estopim para a revolução, aqui
no seu melhor significado, ou seja, de ruptura com o estado vigente, um
despertar de consciência, independente dos resultados de campo.
Quem diria? Da pretensa alienação, poderá nascer uma nova sociedade brasileira, mais crítica, mais
participativa, desempenhando o seu papel de protagonista na Nação, redesenhando
o destino do Brasil.
Torço e desejo muito que esse processo se desenvolva de uma forma
segura, pacífica e irreversível na direção de um futuro melhor.
É para essa disputa, essa luta, que eu desejo: Boa Sorte, Brasil!
Nenhum comentário:
Postar um comentário