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domingo, 8 de junho de 2014

Na Copa



Marinho Chagas

Período de Copa do Mundo está soando perigoso para os futebolistas. Temos exemplos de morte súbita de vários deles, João Saldanha durante a da Itália, 1990, o humorista Bussunda, que estava cobrindo a de 2006 na Alemanha e agora, Luciano do Valle e Marinho Chagas. 

Meu primeiro contato com o nome de Marinho, ainda não tinha agregado o Chagas, foi no único álbum de figurinhas que completei. Era da revista Placar e tinha tudo sobre os principais clubes brasileiros. O nome do potiguar Marinho estava no elenco do Náutico do Recife. Tinha dezenove, vinte anos.

Em seguida veio para o Botafogo e na estreia "chapeleou" Pelé e fez um gol de falta. Vale a pena ler sobre a história desse seu primeiro jogo. Retirei esse trecho do site trivela.uol.com.br; para se ter a ideia da personalidade dele.
"Chapéu em Pelé
Foi na sua estreia pelo Botafogo, em 1972. Marinho Chagas havia acabado de chegar do Náutico e ninguém o conhecia muito bem. Pelé até chegou a alertar que se tratava de um 'galego craque e meio doido', mas o Rei não prestou atenção ao próprio aviso. Na primeira vez que cruzou com o maior jogador da história, deu um chapéu que fez o Maracanã tremer. Depois da partida, Pelé pediu 'mais respeito', brincando. Marinho Chagas, também brincando, xingou: 'Mandei tomar no cu e saí rindo', disse à Trip.
Neste mesmo jogo, Jairzinho, ídolo do Botafogo, estava pronto para bater uma falta, chegou a avançar em direção à bola, mas Marinho Chagas cobrou sem avisar o companheiro, que ficou ligeiramente irritado. A resposta veio com o mesmo linguajar: 'Bicho, vai tomar no cu, o gol tá feito'. E estava mesmo: a bola entrou no ângulo."
Se Nilton Santos foi o lateral que primeiro avançou o meio de campo, fez isso de forma esporádica, já Marinho Chagas revolucionou a posição; tornou-se artilheiro, fez 40 gols só na sua passagem pelo Botafogo, isto é, 4 anos, na Seleção foram 4 em 36 jogos. Ganhou 3 Bolas de Prata em sua posição.
Se hoje temos laterais que avançaram como Júnior e Roberto Carlos e seguem avançando como Marcelo e Wendell, muito se deve o processo, ao ineditismo e talento de Marinho.
Infelizmente, as histórias extra-campo e o lance mais comentado de 1974, a disputa pelo terceiro lugar contra a Polônia, onde Lato, artilheiro do Mundial, fez o único tento às suas costas, que gerou um conflito no vestiário, obscureceram o principal: o seu grande e revolucionário futebol. Tinha apenas 22 anos nesta Copa.
Para se ter uma ideia, Marinho foi eleito o melhor lateral esquerdo daquela competição, concorrendo com Paul Breitner (Alemanha Ocidental) e Ruud Krol (Holanda). Quem gosta e acompanha futebol sabe o que significam esses nomes para os seus países.
Outra lembrança que tenho de Marinho; em 1976, Osvaldo Rolla, o Foguinho, assumiu o comando técnico do Grêmio; pediu um único jogador para a Direção: Marinho Chagas. Não levou, mas mais uma vez, mostrou que sabia tudo dos mistérios da bola. 
Este era Francisco das Chagas Marinho, um revolucionário do futebol. 

10 comentários:

  1. Baita lateral. Um dos melhores que vimos jogar.

    09 de setembro de 1972 – Botafogo 1 x 1 Santos

    Local: Maracanã, Rio de Janeiro-GB
    Árbitro: José Carlos Cavalheiro de Morais
    Renda: Cr$ 163.513,00 – Público: 25.322

    Gols: Marinho Chagas 13’, Waltencir (contra) 33’ do 2º tempo

    BOTAFOGO: Cao, Luís Cláudio, Brito, Waltencir, Marinho Chagas, Carlos Roberto, Nei Conceição, Dorinho, Zequinha, Jairzinho, Fischer (Ferretti). Técnico: Elba de Pádua Lima (Tim)

    SANTOS: Cláudio, Carlos Alberto, Paulo, Vicente, Zé Carlos, Clodoaldo, Afonsinho, Roberto Carlos (Ferreira), Alcindo, Pelé, Edu. Técnico: Pepe

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  2. Putz1
    Que tristeza! Olha só os nomes em campo: Brito, Marinho Chagas, Nei Conceição, Zequinha, Jairzinho,El Lobo Fischer, Cláudio, Carlos Alberto, Clodoaldo, Alcindo, Pelé e Edu. Num único jogo, 12 atletas que passaram por Seleções (Fischer na Argentina). Além do Tim e Pepe, grandes treinadores que jogaram copas do mundo, quando eram jovens.

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  3. Além disso, observe quantos jogadores andaram aqui pelo Sul: Cao, Brito, Dorinho, Zequinha, Vicente, Alcindo, Edu.

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  4. Bruxo,

    Hércules Brito Ruas, o Brito, jogou no Inter em 1958 e 1959. Participou de 35 partidas no Colorado.
    Inclusive marcou gol em GRENAL, dia 05.02.1959 - Internacional 2x2 Grêmio. Gol de pênalti, aos 20' do 1º tempo. Jogo realizado no Olímpico. Foi bem no início da carreira do Brito, já que ele tinha 18/19 anos.
    Mas vestiu a "vermelhinha".

    Poucos torcedores sabem...

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    1. Verdade. Eu sabia que havia um Brito nessa época, quando pesquisei sobre Grenais dessa época no livor do MM com o David Coimbra, mas não associei com o velho xerifão da Copa de 70.

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  5. Lembrancas, lembrancas.
    Nao gostava do Marinho Chagas. Realmente era excelente, um dos melhores, mas tinha esta personalidade rebelde. Nunca gostei de jogadores assim. Perdao, meio que de "revesgueio" tinha uma pequena admiracao por ele, pelo futebol que tinha e porque, rebelde por rebelde, haviam outros piores (e tambem pelo que vou explicar na sequencia). Foguinho que me perdoe, ainda bem que nao veio pro Gremio.
    Ja nesta epoca, ainda jovem, passei a perceber as armacoes do futebol e da midia paulista e carioca (que ja mandavam no Brasil, fazendo com que todos engolissem o que ditavam). Este e mais um caso tipico de boicote ao sul do pais.
    Voce colocou que Marinho Chagas representa um dos primeiros laterais que deixaram de ser defensores para serem "os alas do futsal", serem quase um ponta.
    Aproveitando a presenca do Alvirubro nesta conversa, te digo que na verdade Claudio Duarte ja fazia isto no Inter. Pra mim, o Claudio foi o primeiro a deixar de ser essencialmente um lateral defensor para ser um lateral apoiador. Nao fez muitos gols como Marinho, mas se aventurava no apoio ao ataque com frequencia acima da media para a epoca, talvez tambem, nao com a mesma desenvoltura do Marinho, mas ja fazia isto.
    Marinho, mesmo contestado quando chegou no Rio, foi utilizado pela magalomania carioca e se transformou na celebridade que hoje conhecemos. Tinha meritos? Claro, mas exacerbadas pela imprensa carioca, que, convenientemente esqueceram do Claudio Duarte.
    Por outro lado, a imprensa precisava se contrapor a "Laranja Mecanica" de 74. Sim, alguns poucos anos depois e que Marinho Chagas ganhou este destaque de "primeiro lateral atacante".
    Se voces pesquisarem um pouco mais verao que certas curiosidades do futebol brasileiro foi uma resposta ao que vinha de fora.
    Este foi um fato. Outro? O jeito gaucho (e por tabela do Gremio) de jogar futebol. Pesquisem a Copa de 66 e a contraposicao entre o futebol arte brasileiro e o futebol forca dos ingleses (que repercutiu na Copa de 70, com simbologia no enfrentamento entre Brasil e Inglaterra na primeira fase) e a associacao disto (macrovisao) para (microvisao) a associacao entre o futebol arte praticado pelos cariocas e o futebol "bruto", "tosco", "de forca", "de resultados" praticado pelo resto do Brasil (em especial o futebol de quem sempre os incomodava; o sul).
    Lembrancas, lembrancas.
    Marinho nao deixou de ser um grande.

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  6. Arih, tens razão quando lembras do "Claudião", pelo lado direito do Inter. Mas sobre aquele time precisaremos de horas e horas para comentar, entre uma taça de vinho e outra. Mesmo assim, não há como esquecer o Marinho. Fui um fã do futebol dele.

    Sobre BRASIL x INGLATERRA, de 1970, já preparei o texto para a avaliação do Bruxo. Se ele julgar conveniente, em breve estará "postado" neste Blog.

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    1. Alvirubro!
      Teus textos são ótimos, são sempre convenientes.

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    2. Entao de uma olhada no comentario do "Jogo do Seculo".

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