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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Pequenas Histórias




Pequenas Histórias (77) - Ano - 1996-97/2001-02


Mauro Galvão, um zagueiro de exceção

Foto: Valdir Friolin

Com a chegada de Réver para o Inter e Douglas para o nosso Tricolor, renova-se prática que em sua maioria, resultou em rotundo fracasso, ou seja, trazer jogador que fez sucesso no rival ou então, "repatriar" antigos ídolos para suprir necessidades novas. São inúmeras experiências, as mais recentes, Edinho e Paulão, talvez Giuliano e Nilmar engrossem esta fila. Mário Sérgio entra nos raros êxitos (ex-Inter e Grêmio em 83), mas também aumentou o grupo dos equívocos (ex-Grêmio e Inter em 84). Tinga é exemplo de sucesso no retorno, mas quem se sobressaiu, sem dúvida foi Mauro Galvão: passou pelo Coirmão com retubante sucesso, aumentou o número de faixas no Grêmio e bisou, quando voltou ao seu clube de coração em 2001.

As primeiras notícias que tive de Mauro Galvão me chegaram pelo meu primo, o Lilico, hoje grande treinador de basquete e professor, cujas famílias (sua e de Galvão) eram amigas na rua Teixeira de Carvalho, próxima ao Olímpico. Galvão começou no Grêmio e foi trocado ainda juvenil por outro atleta com o Inter (quem será que foi o gênio gremista?).

Poucos dias antes de completar 18 anos, Mauro botou faixa de campeão brasileiro em 1979 com o mestre Ênio Andrade. Já despontavam a sua qualidade exuberante e a estrela de vencedor. Técnico, maduro para a idade, um zagueiro de exceção.

O adjetivo exceção acompanha sua carreira, pois em 86 disputando sua primeira Copa do Mundo, saiu do Beira-Rio para defender o ... Bangu, um clube pequeno do Rio, que acenava com um projeto de grandeza. Botou faixa, ganhando a Copa Rio.

Em seguida, um novo desafio, o Botafogo e nova façanha; após 21 anos sem ganhar absolutamente nada, o clube de General Severiano conquistou o campeonato carioca com Espinosa como treinador. Fica até 1990, ganha o Carioca de novo e disputa a  Copa da Itália com Lazzaroni utilizando um 3-5-2. O Brasil afundou, no entanto, deixou a base para 94. Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes, Branco, Dunga, Bebeto e Romário eram titulares de Parreira até as lesões aparecerem.

Mauro Galvão estava pronto para a Europa e, em seguida vai para a ... Suíça; novamente, escolhe um curioso caminho. Fica "invisível", escondido e não vai para a Copa dos EUA. Joga lá até 1996, quando o Imortal o busca para substituir Adilson, o Capitão América que iria para o Benfica. Iria, pois houve problemas e o paranaense permaneceu no Olímpico. Humilde, Galvão vai para o banco; a zaga era Rivarola e Adilson.

Sua estrela ressurge na decisão, quando substituiu o capitão gremista, que levou o terceiro cartão amarelo contra a Lusa no jogo de ida, lá no Canindé. Está no poster da conquista do bicampeonato nacional do Tricolor.

Ano seguinte, titularíssimo, ganha a Copa do Brasil em pleno Maracanã. O Grêmio de Evaristo parou o Flamengo.

Sai do Tricolor para dar o maior título da história vascaína, a Libertadores da América em 1998, além dos campeonatos brasileiros de 97 e 2000.

Retorna para o Grêmio e antes de encerrar a carreira vitoriosa, ganha o Gauchão e especialmente, a Copa do Brasil de 2001.

Este é Mauro Galvão (na foto, cheio de faixas), que contrariou tendências dentro e fora de campo; sempre de forma vitoriosa. Um zagueiro com técnica de armador, "experiente" aos  17 anos, que jogou até completar 40 anos, outra exceção para a época.


41 comentários:

  1. Infelizmente, zagueiros como ele, estão fora da nossa realidade atual, não adianta sonhar. No mais é ser tomado de saudosismo e lembrar que, certa feita na história tricolor, tivemos uma zaga onde Mauro Galvão era reserva, que luxo!

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    1. Guilherme Cé28/01/2015, 16:32

      Agora imagina os "corneteiros" com o Galvão no banco do Rivarola...

      É por isto que um título "muda" toda a história!

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    2. Glaucio Missioneiro28/01/2015, 18:17

      Exato! O Rivarola já era campeão da Libertadores ao lado do Adílson.

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    3. Guilherme
      E apesar do Rivarola ter muita importância, o Galvão era muito mais jogador.
      Para não deixar batido, o paraguaio Rivarola veio do pequeno Talleres de Córdoba para o Imortal.

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  2. PJ
    O interessante na carreira do Mauro Galvão é que não existem períodos de "má fase"; sempre atuou bem, mesmo deslocado para a lateral esquerda como ocorreu, quando o Coirmão tinha Pinga e Aloisio, ambos de Seleção.

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  3. Glaucio Missioneiro28/01/2015, 15:34

    Era bonito ver os desarmes limpos dele.

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  4. Glaucio
    E isso veio de berço; se tu deres uma olhada nos jogos nos anos 79,80, ele já fazia isso com menos de 20 anos.

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  5. Olhando a biografia do Galvão, diria que esse Raul, mesmo com 17, deveria ser testado no time titular.

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    1. Glaucio Missioneiro28/01/2015, 16:16

      Isso que é brabo de engolir, bruxo. Por mais que o Galhardo não seja tão caro, é um salário a mais para pagar, tendo toda uma gurizada pra testar. Se nenhum vingar, ainda tem o Ramiro que pode quebrar um galho ali.

      E o Matias provavelmente vai embora no fim do contrato, mas por hora é o titular.

      E reclamam falta de grana.

      E mesmo que eu queime os dedos, e o Galhardo surpreenda positivamente, só terá servido pra valorizar jogador de outro clube.

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    2. Glaucio
      Só entendo essas contratações como a do Marcelo Oliveira e outras como "dívida' do clube com empresários em situações anteriores.

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    3. Glaucio Missioneiro29/01/2015, 08:55

      Se for, estamos "muito bem" mesmo...

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    4. Guilherme Cé29/01/2015, 08:58

      Pela tua lógica Gláucio em 95, por exemplo, o Jardel não deveria ter vindo..

      Não há mal nenhum em se buscar (bons!) jogadores por empréstimo, com salário razoável. Foi assim que o Rodolpho chegou. Se acrescentar qualidade enquanto estiver aqui já serve, no fim do ano se busca uma alternativa ao outro problema. Às vezes meia dúzia de meses é o suficiente para dar um ótimo retorno (com títulos) dentro de campo.

      Mas é claro que isto não excluí a questão de que a base deve e merece ter chances também. Só que uma coisa não excluí a outra.

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    5. Glaucio Missioneiro29/01/2015, 10:07

      Não tem lógica nenhuma.
      Só acho que tendo Matias e mais dois ou três da base para serem testados, não precisávamos de mais uma aposta.

      Cé, esse Galhardo é um aposta barata, mas em tempos de "cofres raspados" achei desnecessário, pelos motivos acima.
      Não dá pra comparar a trajetória e nem o contexto da vinda do Rhodlfo.

      Vamos ver, de repente ele é uma boa surpresa no meio, onde estamos com falta de gente.

      Mas, qual outro atacante tínhamos em 95? Nildo ? Alexandre?

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    6. Guilherme Cé29/01/2015, 14:39

      Nildo que foi a "estrela" da conquista da Copa do Brasil de 94...

      Não lembro exatamente dos demais, mas de fato não eram tantos, acho.

      Só que na direita, por exemplo, o Matias é "solução" (se for) até junho... O resto é gurizada da base, sendo que pelo que vemos descartaram o Tinga e sobrará o Raúl... Então de 4 ou 5, tinhamos 1 pro ano todo (e olhe lá, já que o Raúl subiu agora).

      E outra, aposta barata é sempre válido, pode dar retorno financeiro ali na frente também... E por maior que seja a crise, um salário de 50, 60 mil (se for isto) é praticamente irrelevante na folha do Grêmio (é 1% do total). É óbvio que não dá pra apostar em 30 jogadores, mas pontualmente não tem porque não.

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    7. Guilherme
      Em 1994, havia 5 "guris-guris" mesmo: Danrley, Roger, Jamir, Carlos Miguel e Émerson; acho que nenhum deles tinha a "maioridade civil", 21 anos. Uma zaga de Seleção, Paulão e Agnaldo e um volante técnico e experiente, capitão Pingo,um bom ponta direita, Fabinho, ex-Corinthians e um lateral fraco, Ayupe.
      Time mediano, assim como era o Criciúma em 91.

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  6. Glaucio Missioneiro28/01/2015, 16:43

    http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2015/01/28/felipao-nao-quer-saber-de-modernidade-gremio-aposta-no-velho-coletivo.htm

    Gostei.

    Acho melhor simular situações de jogo em campo normal.

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  7. Glaucio Missioneiro28/01/2015, 16:43

    E até é mais fácil de avaliar os jogadores em situação similar à de jogo.

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    1. Concordo; tem muito treinador "moderno", adepto das novidades, que fica no meio do caminho. Tecnologia ajuda, mas é acessório.

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    2. Glaucio Missioneiro29/01/2015, 09:30

      Agregar sempre, perder a essência nunca. Futebol é 11x11, num campo de 100x70.

      Esses treinamentos, pra mim, servem pra aprimorar algumas situações, mas isso quando se tem um time definido, um idéia já estrurada.

      Como que tu vai, por exemplo, avaliar um atacante de velocidade num treino de dois toques ?

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    3. Exato, Glaucio
      Num treino de dois toques o Marcelo Cirino ex-Atlético PR, afunda.

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  8. MAURO GALVÃO NO GRÊMIO

    125 JOGOS
    70 VIT
    29 EMP
    26 DER
    06 GOLS PELO GRÊMIO

    ESTRÉIA
    07.08.1996 - 4ª feira
    Grêmio 0x4 CD Tenerife (Espanha)
    Amistoso Internacional

    ÚLTIMA PARTIDA
    15.05.2002 - 4ª feira
    Grêmio 1x1 C Nacional (Uruguai)



    MAURO GALVÃO NO INTER

    393 JOGOS
    207 VIT
    122 EMP
    64 DER
    16 GOLS PELO INTERNACIONAL

    Com 393 jogos, Mauro Galvão está entre os 10 jogadores que mais vestiram a camiseta do Internacional. Logo atrás de Índio (395)

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    1. Grandes números de Galvão; com ele em campo, o Imortal perdeu apenas 20% das partidas, no Coirmão, melhor ainda, 16%.

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    2. Para teres uma ideia, entre os "10 mais" que vestiram a camiseta do Inter (VALDOMIRO - PONTES - DORINHO - L.C. WINCK - CLAUDIOMIRO - GAINETE - ÍNDIO - M. GALVÃO - FALCÃO E BRÁULIO), Índio é o pior com 23% de derrotas.

      Entretanto, Falcão (13%), Valdô, Pontes, Dorinho, Claudimiro e Bráulio (14%), Gainete, M. Galvão e L.C. Winck (16%), tiveram números excepcionais.

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  9. Interessante é que Galvão e Luis Carlos Winck jogaram numa época de baixa do Inter.

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    1. Na verdade, os desempenhos do time eram bons, mas não havia títulos.

      A década de 70 puxou o Inter prá cima. Aquele time era "fora da curva". Eu lembro de um jogo de 1976, no Serra Dourada, 3x0 para o Inter, que 53 mil espectadores do Serra Dourada aplaudiram o Colorado de pé.

      Velho, aqueles anos não voltam mais. Nunca mais! Eu e tu somos de uma geração que teve a sorte de ver craques jogarem futebol. Não é saudosismo. Os números provam isso. Pega qualquer time do Grêmio dos anos 70 e vais ver que tenho razão. O problema eram os adversários. Mas os times eram muito bons.

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    2. Alvirubro
      O Grêmio dos anos 70 tinha jogadores interessantes, que ficaram subestimados pela rivalidade e a grande fase do Inter. Gaspar, camisa 10 era um cracaço e poucos lembram dele. Só para ficar em um único exemplo.

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    3. Pois é, Alvirubro, mas o RT10 é de um período relativamente recente e bota essa turma de 70/80/90 no bolso, pena que o caráter não acompanhou o seu talento.

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    4. Glaucio Missioneiro29/01/2015, 08:53

      "Alvirubro28/01/15 19:09
      Na verdade, os desempenhos do time eram bons, mas não havia títulos."

      Mais ou menos como o Grêmio de 2006 a 2008 ?

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    5. Glaucio
      Incluiria 2012 e 13, talvez 2010 do Renato como bons desempenhos sem título.
      Com a palavra, o Alvirubro.

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    6. Glaucio Missioneiro29/01/2015, 10:00

      Dá pra incluir sim, 2010 faltou tempo.

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    7. Exatamente! Esses exemplos que vocês deram encaixam-se para os dois clubes. Faltou o título para consagrar alguns jogadores, que eram acima da média.

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    8. Glaucio Missioneiro29/01/2015, 10:38

      É.

      Jonas e Victor mereciam ter levantado taça aqui.

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    9. Aquele Douglas do segundo semestre chegou à Seleção e até o Paulão jogou bola na zaga.

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  10. A década de 80, pródiga para o Tricolor e péssima para o Inter, na verdade, no Campeonato Brasileiro, foi muito "parelha". Vejam as classificações de cada uma das equipes. Devemos lembrar que os campeonatos eram no "formulismo", o que muitas vezes não indicava a classificação intermediária mais correta. De qualquer forma, serve como parâmetro.

    Em 1980 - Inter 3º - Grêmio 6º
    Em 1981 - Inter 8º - Grêmio 1º
    Em 1982 - Inter 22º - Grêmio 2º
    Em 1983 - Inter 19º - Grêmio 14º
    Em 1984 - Inter 22º - Grêmio 3º
    Em 1985 - Inter 10º - Grêmio 18º
    Em 1986 - Inter 17º - Grêmio 16º
    Em 1987 - Inter 2º - Grêmio 5º
    Em 1988 - Inter 2º - Grêmio 4º
    Em 1989 - Inter 16º - Grêmio 11º

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    1. Glaucio Missioneiro29/01/2015, 12:05

      quantos times disputavam em 86 ? 16º e 17º....ano brabo pra dupla

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    2. Glaucio, em 1986 tivemos a "bagatela" de 80 clube disputando o Brasileiro.

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  11. Em 82 e 84, quantos clubes participavam? Sacanagem o Coirmão não cair (rs,rs,rs).

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  12. Na "Era dos Pontos Corridos" também existe certo equilíbrio. Vejam:

    Inter
    2003 - Inter - 6º - Grêmio - 20º
    2004 - Inter - 8º - Grêmio - 24º
    2005 - Inter - 2º
    2006 - Inter - 2º - Grêmio - 3º
    2007 - Inter - 11º - Grêmio - 6º
    2008 - Inter - 6º - Grêmio - 2º
    2009 - Inter - 2º - Grêmio - 8º
    2010 - Inter - 7º - Grêmio - 4º
    2011 - Inter - 5º - Grêmio - 12º
    2012 - Inter - 10º - Grêmio - 3º
    2013 - Inter - 15º - Grêmio - 2º
    2014 - Inter - 3º - Grêmio - 7º


    O que fica gravado na memória do torcedor é o desempenho mais fraco, em determinado ano. Pela disputa da 2ª Divisão, em 2005, acham que o Grêmio esteve muito atrás do Inter nas competições em que participou. Não é verdadeiro.

    As conquistas internacionais, nos anos 80 e 90 pelo Tricolor, e nos anos 2000 pelo Inter, dão a impressão de uma diferença gigantesca de qualidade entre as equipes.

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  13. Bruxo,

    1982 - 44 EQUIPES
    1982 - 41 EQUIPES

    Esse é o problema do "Formulismo". Existem equipes que jogaram 15, 20 partidas e classificaram-se em posições intermediárias. Outras, jogaram 10,12 e ficaram nas primeiras posições. Em 1984 o Inter fez 14 jogos e ficou em 22º, o Uberlândia fez 6 jogos e ficou em 16º. Formulismo é #od@. E tem torcedor que o defende.

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  14. Quem defende o formulismo deveria, por coerência, fazer mata-mata para o rebaixamento; imagina umas quartas-de-final, semifinais e final para rebaixar? Num campeonato de 20, a disputa seria entre os 8 últimos colocados, isto é, o 13º em pontos corridos poderia ser rebaixado. Acho que aí chamariam de sacanagem; sacanagem é o oitavo ser o campeão como já aconteceu.

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