Pequenas Histórias (222) - Ano - 1986
Fora da Ordem
Fonte: Lemyr Martins - Revista Placar |
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial... (Caetano Veloso)
Estes versos que estão no álbum de 1991, Circuladô, me remeteram a uma goleada sofrida pelo Imortal no inesquecível Olímpico Monumental num dia de Novembro de 1986. Naquela tarde quase tudo que ocorreu no Grêmio versus Goías esteve "fora da ordem".
Vi De Leon (Botafogo) enfrentar o Imortal, também Renato (Flamengo), porém, quando eles se tornaram meus ídolos nos anos 80, eu já era "tecnicamente" adulto, mais razão do que emoção; agora, quando vi Tarciso encarar o Grêmio, muitos sentimentos se embaralharam na minha mente. Tudo desencontrado, fora do lugar.
Ele, Ancheta e Yúra, esse trio era misto de jogador e torcedor do clube. Eles percorreram toda a minha adolescência e mais um pouco. Tarciso alcançou os "píncaros da glória" em 1983, botou tudo que era faixa possível na carreira de um atleta de clube. e cometeu o gesto de vestir o manto sagrado muito mais do que qualquer outro jogador.
Houve mais naquele dia, a torcida vaiando o time bi-campeão gaúcho ainda embevecido pela overdose de conquistas relevantes daquela primeira metade de década; o goleiro Mazaropi tendo uma das suas raras falhas e o Flecha Negra se aproveitando e abrindo o marcador. Igualmente, Valdo perdido em campo, logo ele, um jogador cerebral. Tudo desencontrado, fora do lugar.
Por fim, a pegação no pé do treinador Espinosa, justamente no final de semana em que a CBF o (pré) escolheu para comandar a Seleção Brasileira (como sabemos, acabou preterido, o ungido foi Sebastião Lazzaroni); mais ainda, um tal de Paulo Silva, lateral esquerdo, segurou Renato os 90 minutos. Tudo desencontrado, fora do lugar.
Albeneir, ex-centro-avante gremista, agora metendo gols pelo alviverde goiano. Fez o terceiro.
E o meia clássico camisa 10, Carlos Magno, rebentando e repetindo o que Diego Maradona fez contra a Inglaterra; Magno só não driblou o pipoqueiro da arquibancada, porque "teve humildade em gol".
Naquela tarde, Espinosa prejudicado por vários desfalques (China, Osvaldo, Luis Carlos Martins e João Antônio), escalou: Mazaropi; Raul, Baidek, Luís Eduardo e Casemiro; Giba, Paulo Bonamigo e Valdo; Renato, Lima e Odair. Participaram também, Ortiz e Caio, dois centro avantes nos lugares de Giba e Odair.
O Goiás que batera o Tricolor no ano anterior no mesmo palco, só que por 1 a 0, repetia a dose. Mário Juliato formou o seu 11 com: Eduardo Heuser; Ronaldo, Ronaldo Castro, Vavá e Paulo Silva; Uidemar, Fagundes e Carlos Magno; Tarciso, Albeneir e Tiãozinho, este que deu lugar para Formiga.
Pois é, Tarciso "aprontou" essa para nós, gremistas; é, ele que foi no Grêmio um atleta com "alma amadora", nunca deixou de ser um grande profissional.
Naquela tarde, não foi diferente.
Fontes: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
Revista Placar
Este time do Goiás é uma incógnita para mim. Curiosa esta história, cuja qual eu não conhecia. Não é de hoje então que são uma pedrinha em nosso sapato. O que achei mais curioso ainda é que 10 anos e um mês depois o Goiás enfrentaria o Grêmio numa semifinal de Brasileirão. Dia 08/12/96.
ResponderExcluirE lembrei-me desta história porque lembro-me muito bem daquela semifinal. Tínhamos uma boa vantagem por ter vencido a primeira partida no Serra Dourada. 1 a 3. Em casa, não seria diferente. O Grêmio passaria por cima. Que nada! Jogo enfadonho, perigoso. O Goiás assustava a cada ataque.
E por duas o Grêmio esteve atrás do placar. Parecia mole em campo. No final, 2 a 2. Fim de papo. No agregado 5 a 3. Ufa! Grêmio na final.
Desde então eu sempre tive um respeito estranho pela equipe do Goiás. Muito mais respeito, por exemplo, do que o que tenho pelos times de Minas e do Rio. Talvez ainda devido aquela goleada que tomamos de 6 a 0 em 97. Coisa louca. E mesmo eu sabendo que este ano o descenso para eles, outra vez, é quase que uma certeza o Goiás ainda é um clube que sempre terá o meu respeito.
O Goiás conta muito com dois fatores caseiros: campo de dimensões maiores, o Serra Dourada e o clima muito seco do Centro-Oeste. Claro que não é só isso como demonstram vitórias como essa de 1986 em pleno Olímpico.
ResponderExcluirEsse 2 a 2 foi sofrido, aliás, como o 1 x 5 no Parque Antártica, neste caso, pela LA.