Pequenas Histórias (295) - Ano - 2007
Levanta, Sacode a Poeira e ...
Fonte: Jornal O Sul |
Paulo Vanzolini compõe com Adoniran Barbosa, os nomes mais elevados do samba criado em São Paulo. Ambos descendiam de italianos. O primeiro, formado em Zoologia e Medicina, tinha doutorado realizado em Harvard/EUA; o segundo, na certidão tinha o nome de João Rubinato. Vanzolini escreveu Ronda e Volta por Cima, entre tantos clássicos; este último tem versos eternos que em um dado momento da vida, todo mundo entoou: "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". É a "oração" pela busca da recuperação, pela busca da superação, diante de um infortúnio.
O Coirmão teve no Domingo passado, a oportunidade de sacudir a poeira, após a frustrante desclassificação na semifinal da Libertadores. Veio em seguida, o Grenal e o Inter amassou o Tricolor. Um 3 a 2 barato para o visitante.
Pois em 2007, mais exatamente em 24 de Junho, num Domingo, o Imortal viveu seu momento de sacudir a poeira e dar a volta por cima. Quatro dias antes, ele viu consolidada a perda em casa, de sua sonhada terceira conquista da Libertadores. Sofreu um indigesto 0 a 2 para o Boca Juniors, que deu a volta olímpica no ... Olímpico e sacramentou, o que já se desenhara na Bombonera.
A rodada do Brasileirão apontou para a sequência de jogos do Tricolor, justamente o clássico diante do maior rival no Beira-Rio, simplesmente o atual Campeão do Mundo. Não poderia ter vindo em pior hora, assim foi o sentimento dos gremistas. O time tinha quatro desfalques certos: o zagueiro Teco, o promissor Lucas (Leiva), o capitão Tcheco e os atacantes Tuta e Carlos Eduardo. Empatar seria um bom negócio, vencer, uma odisseia.
Lembro que fui assistir bem descrente e estranhei aquele goleiro diferente entrando em campo, Era um detalhe, Sebastian Saja, goleiro canhoto argentino, raspara a cabeça em um momento pessoal, sua filha nascera entre os dois jogos e ele passou a máquina na cabelereira negra.
Junto com Saja, Mano mandou a campo a defesa composta por Patrício, Schiavi, William e Bruno Telles; no meio, Gavilán, Sandro Goiano, Diego Souza e o lateral Lúcio, na frente, Ramon e Amoroso. Ainda utilizou o volante Edmílson e o ex júnior Éverton (Costa).
Alexandre Gallo escalou o Inter com: Clemer; Ceará, Índio, Sidnei e Marcão; Wellington Monteiro, Edinho, Alex e Pinga; Iarley e Adriano. Fez entrar Christian, Rubens Cardoso e Márcio Mossoró.
O Grêmio que priorizava a disputa da Libertadores, acumulava três derrotas consecutivas na competição nacional; já rondava a zona do rebaixamento. Um quarto insucesso, em especial, para o tradicional adversário, seria um bilhete para a Segunda Divisão, novamente. A vitória, embora um alvo distante, era essencial naquele instante do certame.
E a partida começou com o Inter atacando e o goleiro gremista aparecendo em chute de Ceará, mas em seguida, a engenharia de Mano Menezes deu certo e o improvisado Lúcio, entrou driblando a zaga vermelha, entortou Índio e bateu com a perna direita no canto esquerdo de Clemer. Um 1 a 0 impensável, antes da bola rolar.
Aos 13 minutos, outra baixa, o veterano Amoroso não resistiu e teve que ser substituído. A troca se revelou um achado, porque o time precisava de mais velocidade e energia. Éverton não decepcionou.
Aos 33, Schiavi salvou chute perigoso de Yarley e o primeiro tempo não teve mais lances de perigo. Final, 1 a 0.
Gallo retirou um zagueiro, recuou Edinho e meteu na frente, Christian, respeitável camisa 9, que iniciou a carreira no Gigante e recentemente, com seus gols e assistências, havia evitado o rebaixamento Tricolor em 2003.
Aos 7 minutos, numa ação conjunta, os estrangeiros Gavilán e Saja evitaram o gol de empate em nova arremetida de Yarley. Persistiu o escore mínimo e a pressão colorada.
As duas mil almas gremistas no universo de 33 que assistiram o jogo, começaram a acreditar que dava para sair com a vitória do estádio Pinheiro Borda. O esquadrão azul resistia bem e dava estocadas perigosas. Numa delas, o jovem Diego Souza (22 anos), recebeu lançamento do ágil Éverton e da entrada da área, ele fuzilou o arco do gol do Gigantinho. 2 a 0. O cronômetro marcava 20 minutos.
Para ajudar, Rubens Cardoso, ex-gremista, que entrou no lugar de Marcão, sofreu estiramento muscular e deixou o Inter com 10 em campo, pois já "queimara a regra 3", a das substituições.
Começou ali no clássico, uma recuperação espetacular do Tricolor, que ficou em sexto. Infelizmente, naquele ano, apenas os quatro primeiros colocados iam direto para o torneio continental e o quinto, para a fase anterior, a seletiva.
De qualquer forma, este Grenal ficou na memória de todos os gremistas, pois ele serviu para exorcizar a dura derrota diante dos Xeneizes e neutralizou a flauta inevitável destes percalços.
O atual diretor de arbitragem, Wilson Luiz Seneme foi o juiz daquele Grenal.
Fontes: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
uol.com.br
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