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sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Opinião




A "Espanholização" Brasileira e o Botafogo 


Esta postagem poderá soar completamente incongruente a partir do que ocorreu neste Brasileirão, porque um dos "espanhóis brasileiros" ganhou de novo, Palmeiras e Flamengo dominam o topo com a breve exceção do Atlético "de Madrid" Mineiro nos últimos anos, mas eu vou tentar explicar o recado que esta edição deixou para o futebol nacional.

O Botafogo fez uma campanha inimaginável no primeiro turno, 88% de aproveitamento, acima dos números de Jorge Jesus, inclusive. O ápice, efêmero, é verdade, foi o chocolate do primeiro tempo no Engenhão no 3 a 0 sobre o Palmeiras, um adversário completamente amordaçado técnica e taticamente. O segundo tempo confirmou a mística negativa da Estrela Solitária, algo que vem de anos como confirma o texto, escrito em 1962 na Era Garrincha pelo grande escritor botafoguense, Paulo Mendes Campos, vide O Botafogo e Eu, onde nele está a frase definitiva que o mestre cunhou: - Há coisas que só acontecem  ao Botafogo e a mim ... E a casa caiu realmente, depois de seis meses à frente dos poderosos Palmeiras e Flamengo, acrescente-se o Galo, também.

Faltou Paulo Autuori no comando Alvinegro. Para quem não sabe, Autuori levou o Botafogo ao título brasileiro em 95, ganhou Libertadores pelo Cruzeiro e São Paulo, Mundial com este último (desistiu de ir até à decisão com o Cruzeiro por questões éticas em 1997), nenhum deles era o melhor em suas épocas. E em 2023 salvou o Cruzeiro, quando assumiu a bronca, ficando invicto nos derradeiros seis jogos. Com ele, o Glorioso iria aguentar o rojão no segundo turno. O técnico talhado para lidar com o psicológico do elenco.

Mas não foi apenas o clube de General Severiano, que mostrou que há uma luz no final do túnel na briga contra Flamengo e Palmeiras; o Grêmio ficou no quase com um time limitadíssimo, com a zaga vazando "horrores" e um arqueiro que foi perdendo a segurança ao longo da competição. Verdade que houve Suárez e ele transformou "fel em mel", ação que mostra que com  competência, dá para superar os clubes milionários do futebol brasileiro. Apenas que a competência não pode ser esporádica, mas uma constante.

Se o fôlego não for renovado por Flamengo e Palmeiras, em breve, haverá novos campeões na lista do principal certame brasileiro.

O caminho foi rascunhado pelo Botafogo.





2 comentários:

  1. Bruxo, sou defensor dessa mesma tese há anos. Futebol não é só dinheiro, nunca foi, e nunca será. Do contrário o Grêmio não seria Campeão do Mundo, penta da Copa do Brasil, e tri da Libertadores.

    Sempre tivemos menos investimento e recursos nessas conquistas históricas. Por ironia do destino, nas poucas vezes em que "jorrava" grana, vide ISL, fomos um fracasso retumbante - embora o Grêmio tenha deixado o Brasileiro de 2000 e a Libertadores de 2002 escorrer pelos dedos.

    Se fossemos uma empresa, a proposta de valor do Grêmio seria identidade forte regional com administração visionária e empreendedora. Nosso estado tem tradição em gestão, liderança, aliada a uma ética de trabalho forte. Não é de graça termos um número desproporcional (em relação a nossa população frente a outros estados maiores ) de ex-predidentes da República, de ex-treinadores da Seleção, e de gestores de grandes empresas

    A gestão atual do Grêmio e a liderança do Renato não acreditam nessa premissa. Eles partem de uma visão vitimista. Pra mim, é a defesa dos cargos bem remunerados. Eles não querem o risco, querem a justificativa pra se propagar no poder infinitamente - como os políticos populistas, que não querem resolver os problemas, querem se alimentar dos problemas.

    Por isso vivemos de campeonato Gaúcho e vagas de Libertadores.

    Em tempo, quando o Grêmio venceu em 2017, o Palmeiras da Crefisa já vinha forte. Em 2018, quando perdemos pro River Plate por causa do Renato e do Bressan, o Palimeiras da Crefisa foi eliminado pelo Boca, com muito menos recursos financeiros e tecnicos (algo que se repetiu este ano).

    Então de onde vem essa espanholização do futebol brasileiro? Vem da cabeça de quem não quer inovar na gestão, de quem quer se perpetuar no poder fazendo o feijão com arroz. Acima de tudo, de quem quer usar as SAFs e o dinheiro de patrocinadores (sempre maior no eixo) como desculpa para mascarar falta de visão e planejamento.

    Isso é evidente. Basta observar.

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  2. Vinnie
    E o que dizer da fase Palmeiras/Parmalat? Naquele período, o time paulista era uma seleção; aliás, bem mais forte do que o da Crefisa e o Koff nunca desistiu.
    Faltou muito pouco para Botafogo ou Grêmio, um deles, botar a mão no caneco.
    Concordo plenamente com o teu texto.

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