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sábado, 7 de setembro de 2013

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (52) - Ano 1974


Perdendo para o Formulismo


                                                      Como todos os gremistas sabem, nossos títulos no Brasileiro aconteceram com as regras do "formulismo", 81 e 96, mesmo assim, gosto dos pontos corridos por ser mais justo, ainda que, às vezes fique desinteressante para a maioria dos concorrentes.
No meu caso, um fator menos determinante, é verdade, mas que me marcou muito, reforça esta opinião. O Brasileirão começou em 1971 com a regra do "formulismo", havia fases de pontos corridos, depois outras e por fim o confronto em triangulares ou finais. Atlético Mineiro (71) e Palmeiras (72 e 73) foram as melhores equipes, pontuando mais do que os outros, o que por linhas tortas, resultou em justiça. Porém em 1974, o melhor time, maior pontuação, maior número de vitórias e o segundo com menos derrotas, o Grêmio, acabou ficando num modesto 5º lugar, obscurecendo o excelente trabalho do time do técnico Sérgio Moacir Torres Nunes, que dava continuidade a Carlos Froner, este que no ano anterior seria o vice-campeão, se valessem os pontos corridos.
                                   Com forte esquema defensivo, ganhando seus jogos, geralmente pelo escore mínimo, o Imortal ganhou sua chave, a 1, com 30 pontos em possíveis 38 (as vitórias valiam 2 pontos cada), 14 vitórias, 2 empates e 3 derrotas, numa chave de 20 clubes. Havia dois grupos; ninguém atingiu tal pontuação.
                                   Na sequência, os clubes classificados foram divididos em 4 chaves de 6 equipes, onde apenas 1 se classificaria para o quadrangular final.
                                           O Tricolor perdeu apenas 1 partida, justamente no Olímpico, num sábado, véspera da final da Copa do Mundo, ganha pela Alemanha que surpreendeu a favorita Holanda. Pois bem, o Santos ganhou com gol de Cláudio Adão, um centro-avante, ainda guri que seria o último parceiro de Pelé no time da Vila Belmiro.
                                          Aquela derrota me marcou muito; tinha 15 anos e o time tricolor era um relógio, tremenda a previsibilidade de suas boas atenções, um grande senso coletivo, onde não havia um craque como veremos abaixo, mas um trabalho "comunitário" como poucas vezes vi.
                                            A base era: Picasso, Everaldo, Beto Bacarmate, Beto Fuscão e Jorge Tabajara, Carlos Alberto, Iúra e Humberto Ramos; Zequinha, Tarciso e Loivo. Além deles, Anchetta, Cláudio Radar, Orcina, Torino (foto), falecido recentemente, Luiz Freire, Carlinhos, Luis Carlos, Mazinho, Ivanir e Bolivar.
                                           Como dá para observar, o forte era o coletivo; o calendário mais racional, permitia a utilização de poucos jogadores e realçava o entrosamento do grupo.
                                             Algumas curiosidades: Everaldo foi lateral direito em sua derradeira temporada, morreria num acidente de carro naquele ano. Anchetta passou um bom tempo lesionado, justamente na sua melhor fase; no ano anterior havia ganho a Bola de Ouro como o melhor jogador de 1973. Zequinha revezou a ponta-direita com Carlinhos que fazia muitos gols. Bolívar, o pai, estava iniciando carreira nos profissionais.
                                                O campeão, Vasco em 28 jogos fez 36 pontos, o vice, Cruzeiro, 38 nos mesmos 28 jogos e o Imortal, 38 pontos em apenas 24 partidas. Grêmio x Vasco foi 1 a 0 no Olímpico, gol de Tarciso aos 44 minutos do segundo tempo.
                                               Num campeonato em que perdeu apenas 4 confrontos, obteve 18 vitórias contra 12 do campeão, 14 do vice, 13 do terceiro lugar e 12 do quarto lugar, com quatro jogos a menos; viu escapar o título num sábado, véspera de final de Copa do Mundo.  
                                                Enfim, as regras foram postas antecipadamente, mas que aquela perda foi difícil de digerir, isso eu não tenho dúvidas.

6 comentários:

  1. Leonardo

    Bruxo: Excelentes lembranças desse time valoroso do Grêmio! Eu tive a oportunidade de entrar no campo do Estádio Morenão como "mascotinho" dessa equipe em um jogo do Grêmio contra o Comercial em 1973 em Campo Grande-MS. O Comercial estava fazendo um grande campanha e tirava pontos de grande clubes, incluindo uma vitória contra o Santos do Pelé (que levou um chapéu do meia Ivo Sodré). O jogo foi pegado e o Grêmio, infelizmente, foi derrotado 1X0, com um gol do atacante Gil (que mais tarde foi jogar com o Rivelino no Fluminense e foi convocado para a seleção brasileira). Meu pai me deixou no Hotel e eu fui e voltei no onibus junto com delegação. O Bolivar era o mais brincalhão do grupo. Recordo o aquecimento no vestiário com o Loivo fazendo uma sequencia de embaixadinhas de "trivela". Na volta todo mundo triste e o ônibus selencioso, com se eles tivessem perdido uma Copa do Mundo. Acho que o Everaldo e o Iúra estavam machucados e não viajaram para o Mato Grosso. O time daquela noite foi: Picasso, Jorge Tabajara (improvisado na direita), Beto Bacarmate, Beto Fuscão e Bolivar, Carlos Alberto, Mazinho e Humberto Ramos; Carlinhos, Tarciso e Loivo.

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  2. Leonardo!
    Sensacional esta tua história. Uma remete a outra. Esse Ivo Sodré, eu era piá e ouvia campeonato carioca (Guanabara) e ele jogava no São Cristóvão. O Gil, se não me engano começou de centro-avante no Vila Nova de MG. Virou ponta aí.
    Aliás, sobre o Gil tem uma historinha interessante que eu não sei se é verdade:
    O Flecha, ex-ponta do Grêmio, jogava no América RJ e fora convocado para a Seleção nos anos 76,77. A Copa seguinte, 78, seria na Argentina. E o Flecha consultou uma cigana para saber o seu futuro; a cigana disse que o ponteiro da Seleção na Copa se chamava Gilberto Alves, nome dele; o que o deixou mais confiante. Veio a Copa e ele ficou de fora. Quem foi? O Gil, cujo nome também é Gilberto Alves.

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    1. Bruxo

      Exatamente! O Ivo Sodré era um meia a moda antiga que jogava no São Cristóvão do Rio. Ele se destacou no campeonato de 1972. Eu também ouvia o campenato carioca (Taça Guanabara) pela Radio Globo (um tempo com o Valdir Amaral e um tempo com o Jorge Curi/Khoury). Conta a lenda que o Ivo Sodré só aceitou ir para o Comercial-MS se incluissem um carro modelo Galaxie (zero km) nas luvas. O time tinha ainda o zagueiro Moraes (que foi mais tarde para o Cruzeiro) e o Copeu (ex-Palmeiras). A grande revelação foi realmente o Gil que jogava muito e tinha muita força fisica e explosão. O Grêmio deveria ter contrado ele depois daquele jogo! Eu não sabia dessa história do Flecha. Mas, eu virei Americano 'adotivo' naquela época por causa do time com vários ex-gremistas incluindo o Flecha, Alex (zagueiro) e o Ivo, e o América-RJ contava também com o Orlando Lelé, Braulio (ex-colorado) e Luizinho Tombo.

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    2. Além do grande zagueiro Alex, alemão naturalizado que veio pequenino para São Leopoldo, jogou no Aimoré e foi pro "Mecão". Grandes lembranças.
      Sempre lembro dos versos da música do Francis Hime com o Cacaso:
      "...Sou pequeno feito conta,
      bem menor que grão de areia,
      minha terra é minha infância,
      onde estou é meu exílio..."
      Sigo exilado.

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    3. me entusiasmei: ... bem menor que Grão de Milho..."

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  3. É o Alzheimer!!!
    Tu lembraste do Alex, of course, mas tinha o Djair que aqui chamavam de Bejeja (Guarani de Bagé),goleiro Alberto, Sarão, além do Taquito, paulista que passou pelo Grêmio. Time do Tadeu Ricci.
    O Jorge Cury/Waldir Amaral foram os melhores narradores esportivos que ouvi. Davam apelidos carinhosos como "Paletó Velho" pro Zanata, "Dr. Jivago" pro Nei Conceição e acho que também foi um deles: Dinamite para o Roberto do Vasco.

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