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quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Memórias

 Memórias (24) - Ano - 1969


Salve a Seleção

Fonte: https://associacaoportuguesadesportos.blogspot.com

A minha geração, aquela da infância vivida nos anos 60, amava a Seleção Brasileira. Sabia de cor e salteado os onze atletas titulares, quem sabe, até os reservas imediatos. Havia poucas variações nos nomes, também era possível acompanhá-los em seus clubes no Brasil. Muitos guris tinham pôsteres de vários craques, eu mesmo, o de Tostão, o gênio mineiro.

Onde o Selecionado bicampeão mundial ia, os estádios lotavam, a semana era tomada pelo entusiasmo geral, os jornalistas esportivos ganhavam o protagonismo dos noticiários, pois o assunto era o Escrete Canarinho.

Verdade que o país vivia num abismo antidemocrático iniciado na metade da década de 60, uma noite triste que durou 21 anos, mas este cenário viviam os adultos, guris de 10 anos se preocupavam com o colégio e as peladas nos campinhos,  nas quadras de futebol de salão e campeonatos de botão. Aqueles que podiam, claro!

Assim, em 1969, o que importava para os meninos, em especial, eram as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970, que o Brasil acabaria por vencer, apresentando o selecionado mais brilhante de sua história. Foram seis partidas com seis vitórias, tornando-se tricampeão e conquistando de forma definitiva a Taça Jules Rimet.

Na fase de Eliminatórias ocorreu a mesma performance, seis jogos, seis vitórias, 23 gols marcados, apenas 2 sofridos e Tostão foi o artilheiro com 10 tentos. O técnico montou um timaço que recebeu o apelido de As Feras de (João) Saldanha. O país estava contagiado pelo Escrete. Parecia que o fracasso de 1966 virara um fantasma domesticado.

Na derradeira rodada, o Brasil bateu o Paraguai por um a zero, gol de Pelé, quando o Maracanã recebeu mais de 183 mil pagantes, isto é, com os que não tinham ingresso pago, o público beirou aos 200 mil torcedores no estádio. A Nação parou para testemunhar o "passaporte ser carimbado" para o México.

Neste começo deste setembro, o Brasil fará dois jogos pelas eliminatórias da próxima  Copa, a de 2026, mas quem se importa? Alguém sabe escalar os onze titulares ou os dias das partidas?

Há várias causas para o desinteresse, que este texto não vai enumerar, não é a intenção da crônica. São sinais de um novo momento.

Fica apenas a lembrança de um período mágico, da marchinha que embalava a Nação: - Noventa milhões em ação, pra frente, Brasil, salve a Seleção...

Pensando bem, melhor que seja assim, melhor que a Seleção não seja mais "a pátria de chuteiras", como outrora  escreveu Nelson Rodrigues. Ela perdeu o encanto.


 




4 comentários:

  1. Sentei diante da TV, para ver Brasil x Equador.

    ... "O importante era vencer. Estamos em um momento de reconstrução da equipe. Gostaria que o time tivesse o mesmo rendimento do primeiro tempo, o tempo todo, mas ainda não é possível. Tudo é uma questão de tempo e chegaremos a atingir este nível", disse o treinador em entrevista coletiva.
    Dorival Junior, técnico da Seleção Brasileira, 06.09.2024

    Bruxo, troca-se o cargo "técnico da Seleção Brasileira", para "técnico do..." (de qualquer clube brasileiro, a tua escolha), e a opinião do técnico teria o mesmo sentido.
    Porque não há futebol!

    Dorival tem culpa? É claro que não tem!

    Jogadores medíocres, vendidos a peso de ouro para clubes europeus, se acham super craques.
    Técnicos medíocres, avessos ao estudo e ao aprimoramento.
    Formação de base voltada apenas para arrecadar grana.

    Olha, o futebol brasileiro está estagnado há quase 20 anos.
    Todavia, seguimos em frente, enchendo os cofres dos boleiros de milhões de reais (ou dólar, ou euro) por ano e tendo como resposta o que se viu ontem à noite, em Curitiba.

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  2. A "cereja do bolo" foi a explicação para a dificuldade enfrentada em campo:

    ... “Vínhamos de quatro resultados negativos. O Equador só tem uma derrota nas Eliminatórias e foi para a Argentina. Na Copa América foi eliminada pela seleção campeã nos pênaltis. Tudo isso precisa ser levado em consideração.”...

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  3. Não assisti, mas concordo com todo o comentário. São 20 anos de estagnação.
    E se olharmos os últimos presidentes, Marin, Del Nero, Caboclo, Ednaldo...

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  4. Claro que com Havelange e Ricardo Teixeira, os rolos estavam presentes, mas, o primeiro, principalmente, tinha um planejamento para a instituição.

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