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segunda-feira, 31 de julho de 2023

Opinião


As duas próximas postagens tem origem em fatos da virada dos anos 70 para 80, que, de certa forma, eu vejo correlação com o que estamos vivendo neste 2023.




Stand by

A Copa do Mundo de 1982 na Espanha deixou muitas lembranças, a maior delas, a equipe fantástica de Telê Santana, mas, também, o título da Itália do goleiro capitão Dino Zoff e a trajetória do zero ao infinito.

A Azurra começou muito mal; na primeira fase teve três empates (Polônia, Peru e Camarões), passou em segundo, porque fez um gol a mais do que os africanos. A Imprensa italiana não perdoou, as críticas foram pesadas e, sem outra alternativa, Comissão Técnica e atletas resolveram fazer greve de silêncio. Resultado: não deram mais entrevistas, sequer tomaram conhecimento do que se escreveu ou falou sobre a Itália na Copa.

Veio a próxima fase e a Seleção ganhou da Argentina e do Brasil, seguindo, derrotou a Polônia na semifinal e ganhou a Copa em cima da Alemanha. Dois dos mais criticados, o goleiro Zoff e o camisa 9, Paolo Rossi, simplesmente, se tornaram os pontos altos do time.

A Imprensa "pediu arrego", mas não levou. Os campeões seguiram em silêncio. Isso marcou a relação de parte da mídia dali para frente, voltou o famoso "se há vida, há esperança".

Trago esta lembrança, porque vejo uma parcela da mídia gaudéria em compasso de "espera" na análise do que está ocorrendo no lado vermelho do Rio Grande, apenas um único jornalista comentou com sensatez a situação do Inter (Guerra Filho, na ZH), ou seja, o Coirmão está 20 pontos atrás do líder, antes de terminar o turno, arredondando, 7 vitórias atrás. Mesmo com 7 derrotas do Botafogo, isso seria insuficiente para alcançar o clube carioca. Resumindo; ele está mal, muito mal. Deu adeus ao título, antes de Julho acabar e a beirada do Z4, não está tão longe matematicamente. 

Aí entra a minha crônica. Há a tênue esperança dele bater o River Plate em dois jogos, passar de fase e, talvez, ir adiante nas quartas de final e quem sabe ... essa é a prudência invertebrada dessa parte da Imprensa, cujo objetivo é "ficar de bem" com a massa, sem perceber que ela detesta este tipo de conduta.

Projeta-se a atitude conveniente; melhor esperar para girar e acionar as metralhadoras (ou não) para depois destes confrontos. Se passar, encontrarão méritos nas ações dos dirigentes, se ficar pelo caminho, o que está represado, ante tantas evidências, derrubará represas, numa tentativa de recuperar o terreno do que o óbvio apresentou nestes últimos meses, isto é, um Inter deficiente, insuficiente.

Por enquanto, o modo "pause" está acionado por essa parcela da mídia gaúcha. Notem que são sempre os mesmos.


 

4 comentários:

  1. Em 1982, houve o "silenzio stampa". Os jornais registraram a fraca campanha da "azzurra" e as relações entre jogadores e jornalistas ruíram.
    O presidente da Federação Italiana de Futebol tomou a decisão de provocar um "blackout" informativo (apenas Dino Zoff, o capitão monossilábico, respondia "sim" ou "não" às perguntas).
    Virou um amuleto da seleção italiana e ela se fechou até o título.

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    Sobre o Internacional, não vou me alongar, é lógico, mas nada do que ocorre é inesperado.
    Uma pena que o jornalismo sério não tenha feito o seu dever, desde que a atual gestão mostrou a sua incapacidade.

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  2. Palavra de um colorado.
    Valeu o acréscimo do silêncio italiano em 1982. Li uma entrevista do Dino Zoff, criticado por ser velho. Fundamental no título.

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    1. Uma passagem de 1982, durante a cobertura da Seleção da Itália: Roberto "Pato" Moure, que morava na Itália desde 1980, acompanhou também a "Azzurra", na Espanha.
      Já reinava o silêncio quase absoluto de todos os integrantes do selecionado. Pato Moure com um gravador, tentava tirar alguma informação de Enzo Bearzot, o técnico italiano.
      Em certo momento, Pato foi ao banheiro e, malandramente, deixou o gravador ligado, no local onde estava Bearzot.
      O técnico notou e ao ver Pato se deslocar, jogou o gravador no chão.
      Ao retornar do banheiro Pato Moure viu o seu gravador jogado e ali começou uma discussão entre o jornalista e Bearzot.
      Dá para ter uma ideia do nível de insatisfação que existiu, entre imprensa e italianos, naquela Copa do Mundo.

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  3. Hoje o "grande jornalismo" é cada vez mais raso e abobado (não só o esportivo...). O "caça clique" é a norma. Tá aí a história do Suárez, pra que falar a verdade, problema cronico no joelho, se fazer uma celeuma com aposentadoria imediata dá mais engajamento.
    Aliás, engajamento, a maldição da nossa era da informação "infinita" com todo mundo conectado o tempo todo, e com só duas ou três grandes corporações controlando isso tudo (Google, Meta e agora o boçal da Tesla lá...). Nas noticias, ou seriam apenas publicações, já não importa se é meio ou totalmente mentira, importa é saber se vai da engajamento nas redes. Parem o mundo que eu quero descer...

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